materialidade e identidade
Tudo cabe por entre páginas de seus cadernos. As linhas repletas de palavras e imagens que se alinham e desalinham seguindo suas pesquisas, pensamentos e sentimentos. Os processos de Rosana Torralba são longos, e desafiadores.
A artista muitas vezes parte de cenas que lhe aparecem na mente como uma lembrança do que ainda não aconteceu. A partir daí começa a experimentar os elementos e as possibilidades reais de executar as suas instalações. Objetos ordinários do cotidiano que se multiplicam e criam narrativas próprias. Passam a integrar um ambiente não convencional ou as salas expositivas como possibilidade de existência única na qual tornam-se viventes do próprio espaço.
Traz o nascimento e o renascimento como possibilidade de reflexão e identidade. Como se renascer pudesse alterar quem somos de fato. Será que pode?
Utiliza-se de objetos, de instalações e do seu próprio corpo para discorrer sobre sua produção. Instalações que contém vestigios de suas ações, outras que apresentam a exaustiva ação do corpo na sua concepção e montagem.
O corpo presente na maior parte de seus trabalhos não só como objeto de ação mas como a materialidade inerente a sua produção que está presente mesmo quando o trabalho é apresentado em vídeo.
Reverencia a ancestralidade em ações de família que se repetem e que, agora, tomam os espaços expositivos fazendo de outros, coadjuvantes dessa história.
cesta de memórias e relíquias
Ação Performática com livros de artistas para a exposição "Frente e Verso", no espaço The Mix Bazar, Campinas / SP - julho de 2016
identidades
2009
Caldo, Impressão, Identidades
chama
2016 Ação no espaço AT|AL|609, Campinas /SP
cartilha do caminho suave
2020
livro de artista
será mesmo um mundo encantado?
será mesmo um mundo encantado?
2020
bem me quer, mal me quer
2020
roda vida
2020
era a gota que faltava
2020
ser e viver
2020
Torralba em sua série 'corpos insuflados' busca uma relação entre o peso e a leveza conforme ela mesma diz. As bolinhas de vidro, ou de plástico que se deslocam de um lugar a outro, flutuam, se acumulam, se dispersam, se fundem à natureza ou mesmo desaparecem, e criam uma outra dinâmica no espaço fazendo-se adentrar a um lugar misterioso, no qual o peso ou a leveza já não importam mais.
Se por um lado a materialidade impera na produção da artista, por outro, mundos imaginários podem ser pensados a partir de seus elementos tão comuns e, ao mesmo tempo, poéticos. A construção de uma vasta pesquisa que ora se transforma em trabalho ora se esconde nos seus múltiplos cadernos.
Valéria Scornaienchi
primavera, 2020.